segunda-feira, 25 de maio de 2009

Calvinismo, Arminianismo ou a Bíblia? (1)

Um dos principais debates entre teólogos e crentes em geral gira em torno da soberania de Deus, da predestinação e do livre-arbítrio.
É comum ouvir expoentes defendendo o calvinismo e o arminianismo como verdades absolutas, dando a entender que a Bíblia pode ser manipulada a bel-prazer, a fim de ajustar-se a um sistema de interpretação.
Uns preferem aderir à perigosa neutralidade: "Isso é uma questão de interpretação. A Bíblia apóia tanto um quanto o outro. Essa questão não deve nos dividir".
Entretanto, alguém (ou ambos?) com certeza está errado ou enganado nessa discussão, haja vista não podermos nos apegar à falaciosa idéia de que a Palavra de Deus pode ser interpretada segundo o que pensamos.
Quer dizer, então, que uns podem se simpatizar com Calvino; e outros, com Armínio, certo? Todas as passagens da Bíblia que contrariam a um e a outro podem ser adaptadas a um ou a outro sistema de interpretação, a fim de satisfazer a todos? Que engano! A Bíblia não se amolda à lógica e ao pensamento humanos. Ela é a Palavra de Deus! E é ela que deve nos guiar (Sl 119.105).
Tenho observado que, quando alguém discorda de um ou de outro sistema, automaticamente é tachado disso ou daquilo. “Ah, você não crê no calvinismo? Então você é arminiano?”, dizem. Ou vice-versa...
Mas é bom que paremos com isso e aceitemos as verdades da Palavra de Deus como elas são.

O que ensina o calvinismo?

Este sistema de interpretação — baseado na teologia de Calvino — prega a predestinação incondicional, teoria pela qual se defende cinco pontos principais:
Eleição incondicional. Deus teria escolhido certos indivíduos para a salvação, antes da fundação do mundo. Tais eleitos, de modo soberano, são conduzidos a uma aceitação voluntária a Cristo. Quanto aos não-eleitos, já estariam condenados ao sofrimento eterno desde o útero!
Expiação restrita. A obra expiatória de Cristo teria sido realizada apenas em prol de alguns eleitos, e não por toda a humanidade.
Graça irresistível. O calvinismo afirma que o Espírito Santo chama os eleitos internamente, em seus corações, e os leva à salvação. Tal chamado não estaria limitado ao livre-arbítrio; é o Espírito quem, pela graça, conduz o eleito a crer e se arrepender.
Incapacidade total. Em decorrência do pecado, o homem teria perdido a capacidade de crer no evangelho. Ele possui a faculdade da volição, o livre-arbítrio, porém a sua vontade não é livre, na prática, haja vista estar presa à sua natureza decaída.
Impossibilidade de perda da salvação. Todos os escolhidos por Deus, pelos quais Jesus teria morrido, estariam eternamente salvos, haja o que houver. Eles, por conseguinte, perseverarão até o fim, não por sua própria vontade, mas por obra do Espírito Santo em seus corações.

E o arminianismo, o que ensina?

Este sistema — baseado nas interpretações de Armínio — afirma que, apesar de o pecado ter afetado seriamente a natureza humana, o homem não foi deixado em um estado de total impotência espiritual. Para ele, a eleição de certos indivíduos baseia-se na presciência de Deus, conhecimento prévio de que os eleitos corresponderão ao seu chamado. Acreditava que a obra de Cristo não assegurou efetivamente a salvação de ninguém.
É claro que calvinismo e arminianismo têm razão em alguns pontos que defendem — talvez um tenha mais razão do que o outro. Entretanto, se você, caro internauta, está se firmando na teologia desses homens falíveis, receio que esteja em um terreno movediço. Se você tem travado longos debates (como tenho visto em comunidades do Orkut, em blogs, etc.) para defender o pensamento deles, esqueceu-se de que “... toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” (1 Pe 1.24,25).

(continua...)

Ciro Sanches Zibordi

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