segunda-feira, 18 de maio de 2009

Música no culto ou culto à música? (7)

No artigo anterior, relacionado com esta série, abri um parêntese para reproduzir um artigo do saudoso pastor Valdir Nunes Bícego, publicado no jornal Mensageiro da Paz (CPAD), de junho de 1994. Nesta sétima parte, respondo à seguinte pergunta (com esta, já são treze respostas, ao todo):

13 - O que são cânticos espirituais?

Cântico é o encontro entre a voz, a palavra e a música. Quando esses três elementos são consagrados a Deus, temos um cântico espiritual.
Nesse caso, para termos a certeza de que os cânticos que entoamos são espirituais, temos de submeter cada elemento mencionado acima (voz, palavra e música) ao crivo da Palavra de Deus. Leia, por gentileza, em sua Bíblia, Filipenses 4.8.
Reflita à luz desse texto. Utilizar canções que resultem da mistura de estilos “pesados” (que balançam o corpo, e não o coração) e letras cristãs é verdadeiro? É honesto? É justo? É puro? É amável? É de boa fama? Há alguma virtude nisso? Há nisso algum louvor?
Uma pergunta que os apreciadores de músicas “pesadas” devem fazer a si mesmos é: Será que vou encontrar esse estilo musical no Céu? Sei que lá não encontraremos uma banda de música da década de 60 tocando e cantando: “Os guerreiros se preparam”. Mas tenho certeza de que também não veremos pessoas com cabelos eriçados, braceletes, coturnos, camisetas pretas com a estampa da “banda” preferida, tatuagens e piercing; tampouco louvaremos a Deus em heavy metal ou funk.
Muitos têm argumentado que a igreja tem de ser “pra frente”, pois tudo evolui, e não podemos ficar cantando os mesmos hinos do passado. No entanto, foi exatamente isso que aconteceu nos dias do rei Ezequias, como se lê em 2 Crônicas 29.27,30:
“E deu ordem Ezequias que oferecessem o holocausto sobre o altar, e ao tempo em que começou o holocausto, começou também o canto do Senhor, com as trombetas e com os instrumentos de Davi, rei de Israel. (...) Então disse o rei Ezequias, e os maiorais aos levitas, que louvassem ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria e se inclinaram e adoraram”.
Pela lógica de muitos, os cânticos, nos dias de Ezequias (que reinou em Judá cerca de 250 anos depois de Davi), deveriam estar bem mais evoluídos do que os dos tempos de Davi e de Asafe. Contudo, o avivamento genuíno, pela Palavra, fez com que o povo de Deus recuperasse o que havia perdido. O mesmo aconteceu em relação aos instrumentos. Não houve inovação. Antes, usaram os instrumentos dos tempos de Davi, de novo! Os avivamentos autênticos têm essa característica: recuperação do que foi perdido (Jr 6.16; Lm 5.21; Pv 24.21).
Não é o evangelho que deve se aculturar ou se acomodar aos caprichos humanos. Na verdade, o evangelho modifica culturas e costumes. Ele é transformador! Ou será que os índios devem permanecer nus, no meio da selva, com as suas danças, mesmo depois de terem recebido Jesus como Senhor e Salvador?
Devemos dar às pessoas o que elas mais gostam? Não, pois isso seria uma grande inversão de valores! Quer dizer que o culto evangélico na África tem de ser igualzinho aos cultos aos deuses pagãos, em razão de respeitarmos a sua cultura? E os muçulmanos que se convertem, como deve ser o culto coletivo deles, silenciosos ao extremo?
Muita gente pensa que não importa o estilo musical empregado no louvor, desde que as letras sejam evangélicas. Outro grande desvio.
Na verdade, como vimos, não são apenas as letras que tornam uma composição apropriada para o louvor. As letras cristãs — se bem que algumas são tidas como cristãs, mas torcem a mensagem do evangelho — não transformam um heavy metal ou um funk num estilo musical apropriado para o louvor na casa de Deus. Leve certos “hinos” para os bailes funk, e você verá como os apreciadores desse estilo vibrarão!
Esse argumento de que o louvor de hoje tem de ser mais “avançado” do que ontem é relativo e muito perigoso. Não sou contra as boas inovações, porém as más tem de ser rechaçadas. Ou será que devemos ver com naturalidade “hinos” do tipo “Egüinha Pocotó” ou “Créu” dentro das igrejas?
“Oh, irmão Ciro, não seja exagerado. Isso é cultural”, alguém poderá dizer. Não! Isso é pecaminoso, erotizante, diabólico, ultrajante e deve ser banido da casa de Deus! Meditemos em 2 Coríntios 6.14-18. Como se vê, não há consenso entre a luz e as trevas, entre Cristo e Belial, entre o templo de Deus e os ídolos.
Como será o nosso cântico de louvor no Céu? O que acontecerá naquele momento? Os salvos posicionados diante do Deus Todo-Poderoso, vestido de glória e de majestade! Que tipo de cântico entoaremos lá? No Céu só há lugar para “cântico novo” (Ap 5.9). Mas definitivamente “cântico novo” não é o que o ser humano acha que é novo, como “visual”, estilo musical, danças e toda a parafernália dos shows mundanos.
Pesquise sobre o sentido original da expressão “cântico novo” tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Tenho certeza de que você não aceitará mais com tanta facilidade essa enxurrada de secularismo dentro das igrejas, assistida passivamente e autorizada por pastores e ministros de louvor que já não têm mais a Palavra de Deus como a sua regra de fé, de prática e de vida.
“Duro é este dircurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6.60).

Ciro Sanches Zibordi

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