quarta-feira, 15 de abril de 2009

Música no culto ou culto à música? (2)


Como já defini o que é música sacra, as próximas três perguntas a serem respondidas nesta série sobre a música no culto são: “É possível compor músicas sacras? Como?”, “Existe música cristã” e “O que é a dessacralização da música?”
4 - É possível compor músicas sacras? Como?
O domínio da parte técnica é imprescindível para um compositor. No entanto, no caso de um compositor cristão, exige-se dele requisitos espirituais, a fim de que de fato produza músicas sacras, apropriadas para o louvor.Quais são as características de um compositor de música sacra? Primeiro, ele deve ter comunhão com o Espírito Santo (1 Co 14.15). Antes de falar de salmos, hinos e cânticos espirituais, o apóstolo Paulo, inspirado por Deus, disse: “... enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18,19). Muitas das aberrações que temos visto hoje na área do louvor certamente se devem ao fato de muitos músicos não serem cheios do Espírito. E ser cheio do Espírito significa ser dominado, ter a vida controlada pelo divino Consolador.Outra qualidade do compositor de música sacra é o conhecimento da Palavra de Deus. Engana-se quem pensa que o músico não precisa ter um profundo conhecimento bíblico. O que está escrito em Colossenses 3.16? “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.Requer-se, ainda, de um compositor de música sacra um coração cheio da alegria do Senhor (Tg 5.13), uma fé inabalável em Deus (Sl 106.12; Jo 9.38), esperança no Senhor (Sl 71.14) e disposição para enfrentar as provações da vida (Sl 74.21; Jó 1.20,21). Afinal, como diz o hino 126 da Harpa Cristã (editada pela CPAD), em sua quarta estrofe, “Os melhores hinos e poesias foram escritos em tribulação”.
5 - Existe música cristã?
Não, não existe música cristã! O que existe é música apropriada para o cristão louvar a Deus. A música é como o alfabeto. E, assim como não existe alfabeto cristão, as notas musicais são como as letras. Escrevem-se, com essas mesmas letras, mensagens sagradas ou profanas, cristãs ou satânicas. Existem bons e maus livros, todos escritos com as mesmas letras do alfabeto! Semelhantemente, compõem-se músicas próprias para o louvor ou não, e com as mesmas notas musicais!O que costumamos chamar de “música cristã” é, na verdade, a boa música, sacra, suave, com ênfase à melodia, apropriada para o louvor, que contrapõe-se à música má, frenética, erotizante, que apenas atende aos anseios humanos. Enquanto a boa música produz efeitos positivos, a má exerce influências negativas, independentemente de as suas letras serem cristãs ou mundanas. Qual é a diferença entre um heavy metal com letras cristãs e um com letras mundanas?Quando comparamos as partituras de uma “música cristã” e de uma “música secular”, vemos que não há diferenças: as notas são as mesmas. Assim, um cristão pode escrever e tocar música má, enquanto um incrédulo pode escrever uma boa música. Mas é claro que a fonte deve ser levada em consideração, haja vista o fato de o apóstolo Paulo ter expulsado o demônio de uma mulher que dizia a verdade (At 16.17,18).É preciso considerar, por conseguinte, o que disse o Senhor Jesus em João 4.23,24, a fim de que adoremos a Deus “em espírito e em verdade”. Esses dois elementos estão casados. Verdade sem espiritualidade não subsiste, e espiritualidade sem verdade também é infrutífera (2 Pe 3.18). Em resumo, a verdadeira música, que serve para louvar a Deus é a que é composta por um servo de Deus espiritual, compromissado com a verdade da Palavra de Deus.
6 - O que é a dessacralização da música?
Dessacralização é o ato ou o efeito de dessacralizar, de subtrair o caráter sagrado. É sinônimo de profanação. E a Bíblia Sagrada condena os profanos (2 Tm 3.2; Hb 12.16). No caso da música sacra, significa desprovê-la dos elementos que a tornam apropriada para o louvor. É torná-la vulgar, secular, como qualquer outra, chamando a atenção para os músicos e cantores, e não para o Senhor.Na Bíblia, estão registrados tristes episódios em que a música profana foi executada:
• A música dos adoradores do bezerro de ouro (Êx 32.4-25).
• A música pagã dos filisteus (Jz 16.23).
• A música de Israel desviado (Is 5.12).
• A música babilônica para adorar a estátua (Dn 3.5).
• A música de Belsazar (Dn 5.4).
• A música de Herodes (Mc 6.21,22).
Hoje, até a música secular está sendo corrompida. Estilos românticos, sentimentais, artísticos e folclóricos dão lugar a agressivos, frenéticos, lascivos e erotizantes, como o funk dos morros cariocas e o axé baiano. Essa deturpação diabólica atinge as igrejas, e isso é sem dúvidas uma forma de apostasia da fé (1 Tm 4.1). Estamos nos últimos dias e essa dessacralização tende a se acentuar a cada dia (Ap 18.10,22).Infelizmente, há líderes, pregadores e cantores que, de maneira irresponsável, têm dito: “Todos os ritmos são de Deus, mas o Diabo os roubou. Temos mesmo que usar todos os estilos para louvar a Deus”. Entretanto, o Senhor Jesus não aceita essa dessacralização, essa secularização (ou mundanização) que ora invade as igrejas.A carnalidade, o gosto pessoal, os estilos que agradam o povo (e não a Deus), os interesses comerciais, a imitação do mundo, etc., têm falado mais alto, e o povo tem sido manipulado. Tenho visto nas igrejas o emprego de estilos como forró, samba, reggae, funk, rock (com todas as suas variações) e vários outros impróprios para o louvor a Deus. Mas o Senhor brada, como bradou nos dias de Amós: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos...” (5.23).
(continua...)
Ciro Sanches Zibordi

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